domingo, abril 11, 2010

Die, die, my darling

Então, esse blog está oficialmente MORTO.

Foi migrado com os devidos cuidados para:

http://nerdquest.wordpress.com/

Espero voltar a postar de lá. Ou não. Mas se eu voltar a postar, certamente não será aqui.

Ah, vocês entenderam.

bjundas

segunda-feira, setembro 14, 2009

Faça como o Neil Gaiman...

...e tenha um Nerdquest em sua biblioteca!

WTF?!

Calma. Vocês se lembram que eu dei um Nerdquest pro Neil Gaiman na FLIP 2008, né?

Tá vendo a pilha de livros desarrumada aí embaixo? Tcharam! (Na pilha do meio, o segundo livreto). Eu não sou tão sinistro no photoshop, garanto a autenticidade. Inclusive, aconselho a clicar no link pras fotos da biblioteca particular leviatânesca do Neil Gaiman, que ele disponibilizou pro Shellfari, e ver por si só. Por sua própria conta e risco.


E logo embaixo tem um exemplar de As guerreiras de Gaia. A menina que entregou o livro pra ele tava bem na minha frente na fila de autógrafos. Hehe.

O Nerdquest está em cima porque o Neil Gaiman está planejando ler antes, naturalmente.

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quinta-feira, setembro 03, 2009

Steampunkrockhardcore

Ah, a grande surpresa. Este blog está VIVO!, já diria Dr. Frankenstein. Na verdade, sempre esteve, culpa minha que por um bom tempo estive ocupado demais e – que novidade – sem saco de atualizar. Descobri que qualquer coisa que eu tenho a dizer não vale lá muito mais desenvolvimento do que os 140 caracteres do twitter.

Rá, tô zoando. Era só pra colocar um link pro meu twitter no post.

Mas, em tempo, reativo o blog para publicar a prometida resenha da coletânea Steampunk – Histórias de um Passado Extraordinário, da editora Tarja, que eu ganhei na comunidade de Escritores de Fantasia do Orkut e havia jurado pela minha alma imortal que haveria de resenhar.


Primeiro, amiguinhos, pra quem não sabe o que é Steampunk, não serei eu (praticamente um leigo no assunto) a explicar, portanto deixo o fardo para a Ana e o cuidadoso post que ela fez sobre o assunto.


O livro já surpreende pela qualidade gráfica. Capa bonita, vernizão, diagramação e encadernação boa. (Se deu mal nessa, ein Tibor? Ainda cato os fascículos do meu Fome quando quero emprestar pra alguém). E o conteúdo reúne autores com algum nome no “meio” e alguns novatos. Pra mim, que não sou lá nenhum baluarte de presença atuante no fandom, todos são novatos ou conhecidos “de nome”.

Antes de resenhar os contos em si, indico esta resenha publicada no blog Cidade Phantástica. Primeiro, porque é bem detalhada. Segundo, porque o resenhista usa a palavra “opúsculo”. Qualquer pessoa que tem um vocabulário tão vasto deve saber do que está falando. Portanto, ninguém precisa me levar a sério. (Ou não, your call)

O Assalto ao Trem Pagador, de Gianpaolo Celli. Divertida e com o ritmo bem veloz, a narrativa abre o livro de maneira competente, familiarizando o leitor com a atmosfera steampunk, geringonças criativas e ambientação. Não sou muito fã de teorias de conspiração (na minha humilde opinião, sempre acaba soando como um supertrunfo, que o escritor pode tacar quando quiser, pra juntar as pontas soltas da narrativa), e é mais ou menos o caso aqui. Mas só não gostei disso, de resto é uma boa abertura.

Uma Breve História da Maquinidade, Fábio Fernandes. Excelente conto sobre o que Viktor Frankenstein poderia ter feito da vida se não fosse um viadinho emo. Bastante inteligente e bem escrito, com ótimas citações históricas e à obra de Shelley. Um dos meus preferidos e uma agradável surpresa logo na segunda narrativa da coletânea.

A Flor do Estrume, Antônio Luiz M. C. Costa. Muito legal a idéia de pegar personagens machadianos (Brás Cubas e Quincas Borba) e jogar eles em uma narrativa de história alternativa. Destaque para as referências à obra machadiana, com ênfase no Memórias póstumas – especialmente a ótima tirada final. Talvez os menos familiarizados com o Machadão não se divirtam tanto, mas, de qualquer maneira, é parte da brincadeira correr esse risco quando se faz uma paródia bem feita. Gostei.

A Música das Esferas, Alexandre Lancaster. Um garoto prodígio conduzindo (por conta própria) a investigação sobre a morte de um cientista. A história dá muitas voltas e o desfecho é previsível. Parece um episódio arrastado de Fringe. O autor usa muitos diálogos, para tentar manter o interesse, mas os diálogos não são interessantes. Não me empolgou.

O Plano de Robida: Um Voyage Extraordinaire, Roberto de Sousa Causo. Como narrativa, é uma ótima descrição de cenário. E um cenário razoavelmente interessante, devo dizer. Fiquei com a impressão de que o plot só estava servindo ao propósito de introduzir a maior quantidade de conceitos possíveis do cenário bolado pelo autor. Exemplo disso é que conto termina como se fosse a introdução de uma franquia. Pra mim, como narrativa isolada, não funcionou.

Mas o que mais me admirou mesmo foi que ao longo das 30 e algo páginas do conto o autor se conteve e conseguiu não fazer nenhuma piada infame sobre o queixo do Santos Dumont. Eu nunca conseguiria tal feito. Meus parabéns.

(E graças a esse conto descobri os trabalhos fodásticos do artista Albert Robida, vale a pena clicar- http://en.wikipedia.org/wiki/Albert_Robida )

O Dobrão de Prata, Claudio Villa. Um conto lovecraftiano default. Bem escrito, o autor mantém o suspense até o final, com competência. Mas é um conto lovecraftiano muito default, não dá pra deixar de comentar que fica um deja vu meio indigesto. E substituindo “vapores” por “barcos” deixaria de ser steampunk. O conto ainda tem uma frase num espanhol sofrível. Ei, revisor, até o Google Translator teria avisado que se escreve hijos, não hirros.

Uma Vida Possível Atrás das Barricadas, Jacques Barcia. Meu conto preferido do livro, junto com o do Fábio Fernandes. Um romance entre um autômato e uma golem em meio ao levante da oprimida classe operária. Se a coletânea fosse uma suruba, os demais contos fariam papai-e-mamãe-vanilla (com um eventual frango assado) enquanto esse estaria em cima da mesa vestido de freira e chicoteando um anão.
Bom, eu não gastaria o meu repertório de analogias bizarras se não tivesse gostado. hehe

Cidade Phantástica, Romeu Martins. Conto cheio de referências históricas e à obra de Júlio Verne.

Aliás, admito que eu não conheço PN do Verne, li quando era moleque e achei a coisa mais foda do mundo. Mas, ao mesmo tempo, também achava o desenho Cavaleiros da Luz Mágica a coisa mais foda do mundo. Sabe-se lá quais eram os meus sofisticados critérios (e será que eles mudaram tanto?). hehe.

Bom, Cidade Phantástica é um conto de ação, que já abre num ritmo rápido. Infelizmente, a narrativa fica atravancada pelos muitos discursos explicando motivações dos personagens e as descrições do cenário. Sem contar que o esquema vilão-explicando-plano-maligno-para-mocinho não é exatamente a última palavra em termos de condução de narrativa. Talvez eu estivesse bêbado ou com sono quando li, vai saber, mas não me empolgou.

Por um fio, Flávio Medeiros. Interessante e claustrofóbico conto, passado a bordo de um submarino a vapor avariado, sendo perseguido por um dirigível inimigo. O mote principal, de mostrar como era travada uma guerra quando oponentes honrados tinham os ideais cavalheirescos vitorianos em primeiro lugar, é muito boa e fica bem resolvida, embora eu ache que o conto canse um pouco no meio. No mais, interessante.

É isso aí. No geral, o saldo é positivo e vale a pena um confere. Você pode comprar o livro no site da Tarja, clicando aqui.

Deixo os links para outras duas resenhas sobre o livro (confiar só na minha opinião nunca é aconselhável):

Resenha 1 (com opúsculo)
Resenha 2 (sem opúsculo)

Descobri que Steampunk, ao que parece, é o novo hype no metiê da Ficção Científica. Vou escrever um conto Steampunk onde o Santos Dumont pilota um robô gigante que se transforma no 14 Bis e defende o litoral brasileiro dos ataques de monstros radioativos japoneses. O robô não terá queixo, naturalmente.

*

Lembrando aos amiguinhos e amiguinhas que eu ainda tenho uma razoável quantidade de Nerdquests aqui em casa (mais do que eu gostaria, mas menos do que esperava), e se alguém quiser me fazer um agrado não-sexual pode comprar o livro, escrevendo para o email pedrogmvieira@gmail.com.

*

Eu sou um verme, deveria criar vergonha na cara e migrar esse blog pro wordpress.

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domingo, abril 26, 2009

Aventuras Fantásticas FTW!


Sensacional! Parece que uma editora pequena resolveu resgatar do limbo a coleção de livros-jogos Aventuras Fantásticas. A editora é a Jambô, especializada em RPG.


E eu pensava que algo assim nunca aconteceria. Soterrado pelo meu próprio pessimismo, podia apostar que as novas gerações de nerdizinhos eram bem mais suscetíveis aos atrativos coloridos e barulhentos de uma raid no Mundo de Warcraft do que a explorar a Montanha de Fogo, munidos de lápis e dados. Aliás, só o tempo dirá se esse relançamento converterá novos fiéis ou apenas trará orgasmos nerds aos fãs nostálgicos.


Mas se você – infiel imundo – não sabe o que eram os livros-jogos Aventuras Fantásticas, eu vou tentar explicar do modo mais não-didático possível, ou seja, a partir das minhas parciais recordações de pré-adolescente virgem.


Em tempos ancestrais, quando o RPG era tão desconhecido que não chegava nem a ser coisa do demônio e A Espada Selvagem de Conan era o máximo de publicação especializada em RPG que o mercado “oferecia”, as Aventuras Fantásticas reinavam supremas. O material de RPG em português era quase inexistente e eu passava maus bocados me digladiando com os suplementos de GURPS em inglês. Sem contar as traduções do Senhor dos Anéis e Dragonlance em português de Purtugal. Ah, quanta nostalgia.


Mas, naquela época, se você queria ter uma experiência rpgística e não tinha um grupo a sua disposição, não iria perder seu precioso tempo com WOW, esse vício sebento. Você iria comprar uma Aventura Fantástica em qualquer livraria.


O meu ritual era quase o mesmo de uma sessão de RPG. Eu me sentava à mesa, preparando cuidadosamente o material de jogo: um lápis, borracha, a Folha de Aventuras do meu personagem e dois pares de dados (um para mim e outro para os inimigos, claro - acha que eu ia dar esse mole e usar os meus dados pros monstros?). Pegava um pacote de biscoitos recheados e uma garrafa de Coca Cola (o então equivalente a cerveja e amendoim) e mandava ver. Não descansava até chegar ao famigerado parágrafo 400.


E roubava muito. Óbvio, eu queria me convencer de que não estava roubando, tinha escrúpulos. Mas porra – não tinha ninguém olhando! Era eu quem decidia quando um lance de dados espelhava, e isso era muito poder para um pré-adolescentezinho misantropo metido a besta.


Sem contar que naquela época eu não conhecia o conceito de sincretismo de regras de RPG, algo que hoje faria sem pudor. Ia sair incorporando modificadores de hit location e multiplicar qualquer dano por 3 – “porra, acertei, dano de perfuração nos órgãos vitais!”. E também só começo a fazer testes pra ver se não morro quando a minha Energia chegar ao negativo. E por que não ter Sorte negativa? Ou usar saving throws sempre que for necessário? Sei lá, as regras tinham que ser mais flexíveis. Eu quero usar o meu herói com super-força de Encontro marcado com o M.E.D.O. no Calabouço da morte. Não posso? QUEM VAI ME IMPEDIR? O Steve Jackson vai vir me dar porrada e me chamar de putinha suja?


Ok, ok, just being a bitch.


Voltando ao assunto inicial, estou radiante de felicidade porque finalmente poderei recomprar alguns dos livros que emprestei e, pobres coitados, nunca encontraram o caminho de volta pra casa (a saber: O feiticeiro da montanha de fogo, Encontro marcado com o M.E.D.O. e Prova dos campões).


Ah, e tem outra coisa – renovarei os primeiros votos de substancial importância que fiz em toda minha vida: zerar A nave espacial Traveller. Tenho o fantasma desse fracasso me atormentando desde aquela fatídica tarde de 1993 e não quero isso pro resto da minha vida. Perdi a virgindade, passei no vestibular, me formei, vi o quarto tri do Mengão, passei no vestibular (de novo), publiquei meu primeiro livro, mas em nenhum momento qualquer conquista foi plena. Em nenhum momento pude celebrar algo sem que estivesse com isso pesando em minha consciência: Nave espacial Traveller.


Eu ainda vou zerar essa merda.


E lembrando que os primeiros jogos de RPG que eu mestrei (e que joguei) na vida foram do RPG – Aventuras Fantásticas, um livreto que vinha com duas aventuras bem básicas: dungeons safadas na acepção mais true do termo, com dragões e magos malignos. Antes de GURPS. Antes de AD&D. E que mais tarde foram expandidos com vários suplementos. Mestrei uma campanha de Gurps por alguns anos no mundo de Allansia (o mundo onde os livros-jogos de fantasia se passavam), da qual tomaram parte a Gorda, o Ary, o Café e muitos outros manés que não comiam ninguém (alguns ainda não comem, inclusive).


Pensando bem, se o meu pai quisesse processar alguém por eu não ter me tornado o atleta comedor de mulheres que ele sempre idealizou, está aí o culpado: Aventuras Fantásticas. RÁ!


Vou ali tatuar minha testa com um unicórnio branco dentro de um sol radiante, que é o repelente padrão de zumbis e necromantes, e assim terminar A Cidade dos Ladrões (fatão que o nível de breguice contava pra potencializar as tatuagens mágicas).


Bis dann!


P.S.- sem contar que no meu próprio livro (o Nerdquest, vocês sabem) tem citação a Aventuras Fantásticas e especialmente ao maldito Nave espacial Traveller.


P.S 2 – E em meu próximo livro (de contos, caso porventura venha a ser publicado) terá um conto-jogo sobre pegação na night.


(O Ary colaborou com esse post via msn. Ele também não zerou A nave espacial Traveller, mas conseguiu terminar meu conto-jogo sobre pegação na night. Não que ele seja bom nisso.)

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quarta-feira, abril 22, 2009

Tolkien saiu do armário (?)

Aproveitando a falta de assunto e os feriados insanos em dias alternados, escrevo mais um postizinho caô com comentários de livros. Porém, desta vez, longe de ser mais um bando de comentários aleatórios amontoados ao acaso, este será um post específico sobre fantasia e ficção cientifica nacional (sim, isso existe), com coisas que li recentemente e coisas que li há algum tempo.

Ah, vale lembrar que já comentei sobre um livro de FC nacional por aqui, alguns posts atrás, o A mão que cria, do Octávio Aragão. O próprio autor se amarrou tanto nos comentários que me confidenciou estar escrevendo um romance sobre as Lhamas Mutantes Ninjas Adolescentes do Dr. Moreau.*

O arqueiro e a feiticeira, da Helena Gomes, é o primeiro volume de uma série. Sempre tive curiosidade de ler, mas só resolvi arriscar depois que vi o livro vendendo em um sebo. Infelizmente, não consegui passar da primeira frase.

A primeira frase é “Tolkien entrou na caverna”.

TOLKIEN. ENTROU. NA CAVERNA.

Até que seria maneiro se o personagem principal fosse o Tolkien (estilo Riverworld). Mas não, é uma homenagem mesmo. Sério? Tão sutil que eu quase nem notei. No way, dude, não dá pra levar na boa. Quando eu, com 13 ou 14 anos, escrevia minhas primeiras histórias, baseadas em aventuras de RPG estilo matar-trucidar-dividir itens mágicos, o grupo de personagens sempre era algo como Tolkien, Wolverine, Renato Gaúcho e Darth Vader, eu me amarrava em homenagens. Mas, tipo, existem maneiras mais sutis de prestar homenagens, cara. Pelo que eu entendi, o personagem só aparece no prólogo. Eu retomei a leitura em um capítulo seguinte, mas, a cada página virada, a sombra de Tolkien pairava sobre a trama. E se da próxima vez Tolkien acompanhasse C. S. Lewis? E se eles fizessem uma tocaia pra tentar emboscar o Michael Moorcock? Medo.

(Na verdade, isso acaba de me dar idéia pra um conto surreal)

Brincadeiras à parte, eu li alguns capítulos e cansou rápido. Tem algo a ver com órfãos e ciganos. Prometo algum dia dar outra chance ao livro. Ou não.

Viagem a Trevaterra, do Luis Roberto Mee, de 1994, é um livro que vários proto-nerds leram. Da época em que O senhor dos anéis era encontrado naquela versão de capa preta portuguesa (a que eu tenho, btw), que Tanis era um semi-duende e a referência em filme de fantasia era Conan, o Bárbaro, e não a bicha do Orlando Bloom com suas madeixas de cocker spaniel.

De repente, dar de cara com um livro de fantasia de um autor nacional era quase como se tivessem clonado um tiranossauro. Eu li o livro mais de uma vez, mas o meu cérebro juvenil reteve pouco. A idéia de um mundo onde existe um reino sem noites e um reino sem dias é de uma ingenuidade sensacional. E, ainda mais adequado ao conceito de fodice na minha mente púbere rpgística era o envio de uma party de heróis para roubar as sementes que seriam usadas no “plantio” de noites.

Admito que tenho um baita medo de a Regra dos 15 anos se aplicar, mas lerei o livro novamente em algum momento. Até porque tenho a continuação (Crônica da grande guerra, de 1995), presenteado e assinado pelo próprio autor. Brrr.

(Sim, esse é um parentêsis inusitado. O autor é amigo de um amigo de infância do meu pai, coisa que eu fui descobrir há alguns poucos meses. Muito boa gente. O restante da sua saga de fantasia, que começou com o Trevaterra e tem cinco livros, está concluído, porém tristemente engavetado – uma vez que ninguém parece se interessar por editar, infelizmente)

Os sete, do Andre Vianco. Resolvi descobrir qual é a do cara e comprei logo o livro mais famoso dele em uma dessas promoções do submarino.

Quando você começa a falar do livro se explicando que só comprou porque estava em promoção é um mau sinal, não? Right. O pior é que eu sequer tenho argumentos para debater, porque não consegui transpor a barreira das 20 páginas (aliás, que já começam contando a história de vida mega-piegas de um dos protagonistas). Talvez seja a minha antipatia inata por histórias de vampiro, culpa das baboseiras que eu me forcei a ler da Anne Rice e da histeria Crepúscula. People, vampires suck. Zombies are the new shit. Prevejo que vai aparecer alguém, vindo com o mimimi clássico de que eu estou com invejinha. O que não deixa de ser verdade. Portanto, sintam-se à vontade.

Agora, a hora do jabá!!

Exageros à parte, só digo que é “hora do jabá” porque conheço os autores dos livros seguintes, graças à vida boêmia da internet. Mas como ninguém está me pagando pra falar bem, tenho total liberdade pra espinafrar geral até o cu fazer bico!

O que não é exatamente o caso.

Anacrônicas – Pequenos contos mágicos, Ana Cristina Rodrigues. Um livreto curto (talvez curto demais) com coisas bem interessantes e outras nem tanto, mas que não comprometem um saldo final positivo. Vamos aos detalhes.

Tanto o conto de abertura quanto o que encerra o livro (É tarde e Apocalipse now) são ótimos. No recheio, contos bem interessantes, com algumas belas imagens (Princesa de toda a dor, Como nos tornamos fogo, Baile das máscaras) e outros que não parecem “dizer ao que vieram” (O senhor do tempo, Feitiço sem nome, Lenda do deserto), pois - na minha humilde opinião - falta um pouco daquele “punch”, no sentido da famosa analogia do Cortázar (que eu não vou reproduzir aqui pra não correr o risco de parecer inteligente).

Ainda em alguns contos encontramos excelentes idéias que gritam, exclamam e suplicam por um desenvolvimento mais aprofundado, tipo A casa do escudo azul (em uma Terra pós-apocalíptica em reconstrução, um indiana jones de saias caça relíquias da cultura pop, tipo exemplares do Harry Potter ou do Nerdquest **), que poderia muito bem ser um conto maior ou mesmo uma série de contos. Anyway, como eu disse antes, o saldo é positivo e é uma empreitada louvável. Para mais info e comprar o livro: Blog da autora.

Fome, Tibor Moricz. Fome trata de uma terra pós-apocalíptica onde o bicho realmente pegou. A civilização ruiu e a vida animal foi extinta. Os poucos humanos que sobraram recorreram ao bom e velho canibalismo para sobreviver em um mundo envenenado. Muito foda, não? E o resultado final é bem legal. A única coisa que me incomodou ao longo do livro foi a insistência do autor em “perturbar” e de passar o clima de angústia e corrupção que permeia o cenário. Acaba meio repetitivo, como se cada conto apresentasse o cenário do zero, daí uma perda de fôlego considerável após a primeira sequencia de contos. Mas isso não tira o mérito do livro, que constrói muito bem um climão tenso, desembocando em um final apoteótico. O ponto positivo vai pra Tarja Editorial, por ser uma editora que está mergulhando de cabeça nesse dúbio terreno de publicar fantasia e sci-fi. E o ponto negativo também vai pra Tarja Editorial, pela encadernação xexelenta do livro. Se alguém me pedir emprestado, posso até separar os contos por fascículos ou selecionar só os que eu gostei. Bom, acesse o site da editora para mais info e comprar o livro!

É isso ai, putada. É bom saber que existe vida inteligente na fantasia e FC nacional. Ao contrário da literatura nerd, que só tem tosqueira.

Bjundas.

* Isso é mentira. Eu invento coisas.

** Isso é mentira também. Mas vocês já sabem que eu invento coisas.

domingo, abril 12, 2009

Zumbis nazistas & velociraptors piratas

High concept é um termo usado para descrever qualquer idéia (geralmente associada a um filme, mas cabe em qualquer conceito artistico) que pode ser detalhada de modo sucinto em apenas uma premissa de poucas palavras. Diz-se, no âmbito do cinema, que seria um filme mais “vendável”, justamente por possuir um apelo universal e uma idéia facilmente assimilável.


Por outro lado, no âmbito nerd, o high concept pode ser resumido com bastante simplicidade: é algo que você lê e de cara pensa: “Caralho, isso é fodasticamente sensacional!


Tipo zumbis nazistas. Zumbis nazistas não são fodasticamente sensacionais? O filme em questão existe, é norueguês e se chama Dead Snow. Não vou entrar nos méritos do filme em si (até porque, na verdade, ele não tem nenhum), mas façamos uma punheta conceitual baseada na amálgama zumbis + nazistas.


Em um simulacro foram imbuídos os dois conceitos que espelham o que há de mais vilanesco na cultura pop-farofa-de-massa americana. Cadáveres comedores de cérebros e a grande ameaça ariana. Com um pouquinho de punheta pseudo-intelectual de botequim (óbvio que eu não estou sóbrio) percebemos, com supresa, que foi erguido o paradigma do antagonismo na cultura pop. Talvez apenas rivalizado por zumbis comunistas e, mais recentemente, zumbis terroristas.


E a conclusão é ainda mais genial: existe um banco de palavras, onde os high concepts borbulham, como em um caldeirão de idéias fodasticamente sensacionais, em que nos basta usar de amálgamas aleatórias para, instantaneamente, conceber idéias fodasticamente sensacionais.


Duvida? Vamos começar pelo mais simples, enumerando alguns conceitos sensacionais em potencial que, individulamente, possuem apelo universal e são de fácil assimilação, a saber:


comunistas, piratas, ninjas e velociraptors.


Daí, imagine QUALQUER combinação. E a sinopse do filme pouco importa. Quando você for alvejado por essa onda de fodice inabalável, o seu senso crítico será sobrecarregado e não poderá julgar fria e racionalmente o que , por mais que você tenha lido os clássicos, Aristóteles, Platão, o cacete a quatro. Eu posso inventar qualquer sinopse completamente absurda que você vai continuar achando sensacional. Vamos , um exemplo:


Velociraptors piratas. É isso mesmo, velociraptors piratas. Sinopse: depois de um acidente improvável em um laboratório de pesquisas secreto na Irlanda, que obviamente incluiu um porre de rum montilla, o DNA de velociraptors, que estava sendo decifrado e clonado, é misturado com o DNA do eminente corsário inglês Sir Francis Drake. Do nada, uma manada de velociraptors sai direto da câmara criogênica para aterrorizar os sete mares e capturar fragatas espanholas em nome da Rainha Elizabeth.


Outro exemplo:


Ninjas Comunistas. Quando a situação da Coluna Prestes se encaminhava para um desfecho dramático e sangrento, Luis Carlos Prestes recebe uma inesperada ajuda do camarada Stalin: um ninja comunista, enviado para treinar os revoltosos brasileiros na arte do comunismo ninja. Os comuninjas brasileiros partem para o confronto contra as forças legalistas, fazendo uso de estratégias ardilosas, como longas filas, burocracia, leituras do Capital em praça pública e pelos faciais assustadoramente abundantes.


Viu como é fácil? E esses são apenas exemplos simples. O método de análise combinatória randômica para criação de high concepts sempre vai funcionar.


O único problema é que não adianta nada ter um high concept na mãonazistas zumbis – e fazer um filme que parece uma mistura de Power Rangers com Trapalhões – e sem nenhum peitinho.

Filme de zumbi sem peitinho, onde se viu...


*


Ah, agora uma pausa para a atualização de notícias nerdquestianas. Não é novidade que eu sou relapso. Então: saíram algumas nerdquestices recentes por aí, que agora vou enumerar por aqui:


Resenha/entrevista no blog Melhores do Mundo, um site que entende de nerdice como poucos.


Resenha e entrevista no site de resenhas Resenhando.


Resenha no site do Café, que é um baita jabázão porque ele é meu amigo desde os idos tempos de Santo Agostinho. Mas o jabá é válido e o site merece a *sua* visita, seu mané.


*


De resto, até a próxima atualização. Se tudo der certo vai ser ainda esse ano.


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sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Heaven can wait... ou não.

Pois é, tem religião por aí que promete um paraíso com hordas de virgens ninfomaníacas esperando por você (sem revelar em detalhes se elas entrariam em TPM juntas). De onde esses caras tiraram essa idéia de paraíso? Na moral, eu não sei se hordas de virgens (mesmo que ninfomaníacas) sejam exatamente a *minha* idéia de paraíso.

Resolvidos a chegar a uma conclusão rápida e satisfatória sobre o assunto, travamos um ponderado debate pré-cerveja carnavalesca via msn e chegamos à seguinte conclusão:

(Reproduzo o debate na íntegra, para que vocês possam acompanhar como é a genialidade em seu mais pleno funcionamento
)

Imrahil, Filho de Adrahil, Principe de Dol Amroth says:

Só tem quatro coisas que eu gosto mais do que dinossauros: mulher, cerveja, zumbis e megatherions.

Mr. Fitzwilliam Darcy says:
é, mas isso é o que todo homem saudável e intelectualmente privilegiado deve pensar, eu creio

Mr. Fitzwilliam Darcy says:
com uma ou outra sutíl diferença

Imrahil, Filho de Adrahil, Principe de Dol Amroth says:
mulher poderia ser "suicide girls"

Mr. Fitzwilliam Darcy says:
e cerveja tb poderia ser especificado, pra q a escória não ache q a gente está falando de skoll

Mr. Fitzwilliam Darcy says:
a eskóllria (HAHA, sou tão eficiente com trocadilhos)

Imrahil, Filho de Adrahil, Principe de Dol Amroth says:
HAAHHHAHAHAH

Mr. Fitzwilliam Darcy says:
zumbis são sempre zumbis, não tem o q mexer aí

Imrahil, Filho de Adrahil, Principe de Dol Amroth says:
o que resume,

Imrahil, Filho de Adrahil, Principe de Dol Amroth says:
o Céu então seria uma luta entre duas suicide girls zumbis, uma montada num megatherium, outra num triceratops, e eu assistindo, bebendo cerveja belga, e isso POR TODA A ETERNIDADE

Mr. Fitzwilliam Darcy says:
porra, tive uma ereção



Aproveitem o carnaval. Estarei perambulando por aí com uma bolsa térmica abastecida de heinekens ou stellas. Ou não.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

X-Macbeth

- E aí, cerveja mais tarde? Bar do Anão?

- Não róla, tenho que estudar. Prova sobre Macbeth amanhã.

- Porra, Macbeth é ridículo! Deixa de ser sóbrio!

- Num fode.

- Sério, eu desenvolvi um método pra compreender perfeitamente qualquer obra literária do cânone ocidental.

- Claro que desenvolveu. Então?

- É só comparar tudo com X-Men.

- Ahm. Tu já ta bêbado? Sabe que horas são?

- Sério, vai lá, compara aí. Vai por mim. Funciona.

- Beleza. Isso pode ser divertido.

- Sempre é.

- Bom, o Macbeth tem que ser o Ciclope. É o soldado perfeito, voltando da guerra, vitorioso e bem sucedido. Está prestes a ser promovido a Thane of Cawdor.

- Hã?

- Ok, líder dos X-Men.

- Agora sim.

- A Lady Macbeth, obviamente, é a Jean Grey. Mas, possuída pela Fênix Negra, ela envenena os ouvidos do Ciclope, persuadindo ele a cometer o assassinato do rei, ops, do Professor Xavier.

- O Ciclope nunca mataria o Professor Xavier assim, de bobeira.

- É, mas tá aí a graça. Quando ele tá voltando da guerra, o Ciclope encontra as Três Bruxas...

- Ein?

- Três Bruxas com poderes de ver o futuro...

- Fácil essa. Deixa eu te ajudar. Três Bruxas precogs podem ser..., sei lá, a Sina, a Feiticeira Escarlate e o pintor do Heroes. Então?, continua.

- Bom, elas vêem o futuro do Ciclope, dizem que ele se tornaria rei, ops, diretor da Escola Xavier. E ele fica boladão e tudo mais, né, deduzindo que para isso ia ter que matar o atual diretor. Só que eu concordo com você, ele nunca faria isso assim, de bobeira.

- Aí que entra a Fênix Negra.

- Isso. Ela dá uma prensa nele. Diz que ele tem que ter atitude, tem que ser o machão da parada. Matar o rei, porra.

- Não dá pra dizer não pra Fênix Negra. Mó ruivona gostosa de colante e tal.

- É, esse ponto é auto-explicativo. Ruiva. Colante.

- E aí?

- Acontece que a Fênix vai recuperando os sentidos e volta à personalidade de Jean Grey, ela não consegue viver com o fardo de ter tomado parte no assassinato do Xavier.

- Claro que não consegue. Ela destruiu um planeta inteiro quando estava doidona, eu lembro. Deve rolar um remorsinho. E depois...?

- O que você acha?, não leu a Saga da Fênix Negra? Ela se mata, porra. No meio do cerco do castelo.

- Ah, mas é claro. A Jean se desintegra, quando róla aquela porradaria com a Guarda Imperial Sh’iar.

- Caralho, mané, não é que está funcionando?

- Porra, você precisa estudar mesmo?

- Putz, Shakespeare é moleza, queria ver minha professora explicar a cronologia dos X-Men.

- E, cá pra nós, Dias de um Futuro Esquecido deixa qualquer Macbeth no chinelo.

- Demorou tomar cerveja. Que horas no Bar do Anão?


(Diálogo realmente inspirado em uma conversa de msn. Só conheço gente maluca)

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segunda-feira, dezembro 15, 2008

Absolution


A Mojo Books é uma editora que publica e-books baseados em discos. É uma proposta bem interessante, com resultados cheios de altos e baixos, evidentemente. Bom, não estou fazendo propaganda porque andaram me mandando brindes, e sim porque a Mojo recentemente publicou um conto meu, baseado no disco Absolution, do Muse, e que você pode baixar no link abaixo, é digratís:

http://www.mojobooks.com.br/mojo_inteira.php?idm=175


Bom fim de ano a todos e divirtam-se. Afinal, alguém tem que se divertir enquanto a UERJ suga a minha vida em pleno verão. E se me permitem sugerir, dêem Nerdquests aos amigos e parentes nesse Natal. (Bom, eu não podia perder essa chance).

Bjundas!


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segunda-feira, outubro 06, 2008

Uma enxurrada de não-novidades

Este é um post cheio de não-novidades. Estava tão ansioso para não-contar todas essas não-novidades que nota-se como o post veio tão surpreendentemente não-rápido.


Graças à minha falta de assiduidade em atualizar essa joça, venho sendo sistematicamente espinafrado por onde quer que eu ande (o que significa no bar do anão e no caminho entre a minha casa e o bar do anão).


(Se bem que também fui espinafrado hoje de manhã cedo indo pro trabalho, oh a repressão!)


Para acalmar vocês, estou fazendo um não-post. Não usufruo de tempo hábil para escrever algum textinho divertido e entretê-los. Não tenho novidades sobre o livro – que livro? Então, esse post é realmente inútil.


Mas, como eu sou um cara realmente legal, vou tentar enchê-lo com algumas abobrinhas, pra que vocês não peçam seu dinheiro de volta.

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Pra quem não sabe, eu estudo na UERJ. Falo mal dela o tempo inteiro, mas gosto daquela merda, admito. E, aproveitando que estamos em greve, reivindicando implantes de pênis de 25cm pra todos os alunos integrantes da cota para alunos de pau pequeno (eba, demorou!), tive tempo de ler Coisas Legais.


Tipo Crooked Little Vein, o romance do (escritor de HQs) Warren Ellis. O Ellis tira um sarro com toda essa onda de conspirações e ainda sacaneia o conservadorismo paranóico americano. É a história de um detetive loser, contratado pra procurar a constituição de backup dos EUA - os Founding Fathers teriam escrito uma constituição “reserva”, extremamente conservadora, para garantir que as coisas voltassem pros eixos se saíssem “errado” (e os políticos conservadores americanos julgam que sim, as coisas tinham saído errado). Qualquer um com um fraco para bizarrices sexuais vai rolar de rir (pense em juntar as palavras bukkake e Godzilla na mesma expressão e você saberá do que estou falando).


Li também Cabeça Tubarão, de Steven Hall, outro livro foda. Um cara tem as memórias devoradas por um tubarão conceitual feito de idéias. Porra, genial. Pena que a tradução (da Companhia das Letras) dá umas vaciladas feias. Tipo, esse é o único livro onde você vai encontrar uma equipe de médicos que pesquisa a Teoria das Cordas. Physicist, physician – tem uma aulinha na Cultura Inglesa sobre essas coisas, os tradutores conhecem como falsos cognatos, you know.


E, pouco antes de começar a greve, eu tinha lido Everything You Know, da Zoe Heller, e também achei foda. Fácil de ler, recheado de ironia e humor nigérrimo.

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Ah, vou admitir uma parada aqui. Eu me procuro no Google. É patético. Se eu ganhasse uma cerveja pra cada vez que me procurasse no Google, nunca mais habitaria o mundo dos sóbrios novamente. Mas o legal é que volta e meia eu vejo alguém em algum blog comentando que quer ler o Nerdquest. O meu apelo é LEIAM! Mas antes, COMPREM! E, de preferência, comigo (que inclusive sai barato e vem com dedicatória). Tem duas caixas de livro aqui em casa. Esperando por vocês, leitores em potencial.


Fica aqui o link para um blog legal em que rolou uma resenha surpresa.


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Enfim, meu cachorro lhes destila todo o seu escárnio, mostrando a língua:



Até a próxima, ou não! Bjundas!


(np: Coldplay - Cemeteries of London)