quinta-feira, setembro 03, 2009

Steampunkrockhardcore

Ah, a grande surpresa. Este blog está VIVO!, já diria Dr. Frankenstein. Na verdade, sempre esteve, culpa minha que por um bom tempo estive ocupado demais e – que novidade – sem saco de atualizar. Descobri que qualquer coisa que eu tenho a dizer não vale lá muito mais desenvolvimento do que os 140 caracteres do twitter.

Rá, tô zoando. Era só pra colocar um link pro meu twitter no post.

Mas, em tempo, reativo o blog para publicar a prometida resenha da coletânea Steampunk – Histórias de um Passado Extraordinário, da editora Tarja, que eu ganhei na comunidade de Escritores de Fantasia do Orkut e havia jurado pela minha alma imortal que haveria de resenhar.


Primeiro, amiguinhos, pra quem não sabe o que é Steampunk, não serei eu (praticamente um leigo no assunto) a explicar, portanto deixo o fardo para a Ana e o cuidadoso post que ela fez sobre o assunto.


O livro já surpreende pela qualidade gráfica. Capa bonita, vernizão, diagramação e encadernação boa. (Se deu mal nessa, ein Tibor? Ainda cato os fascículos do meu Fome quando quero emprestar pra alguém). E o conteúdo reúne autores com algum nome no “meio” e alguns novatos. Pra mim, que não sou lá nenhum baluarte de presença atuante no fandom, todos são novatos ou conhecidos “de nome”.

Antes de resenhar os contos em si, indico esta resenha publicada no blog Cidade Phantástica. Primeiro, porque é bem detalhada. Segundo, porque o resenhista usa a palavra “opúsculo”. Qualquer pessoa que tem um vocabulário tão vasto deve saber do que está falando. Portanto, ninguém precisa me levar a sério. (Ou não, your call)

O Assalto ao Trem Pagador, de Gianpaolo Celli. Divertida e com o ritmo bem veloz, a narrativa abre o livro de maneira competente, familiarizando o leitor com a atmosfera steampunk, geringonças criativas e ambientação. Não sou muito fã de teorias de conspiração (na minha humilde opinião, sempre acaba soando como um supertrunfo, que o escritor pode tacar quando quiser, pra juntar as pontas soltas da narrativa), e é mais ou menos o caso aqui. Mas só não gostei disso, de resto é uma boa abertura.

Uma Breve História da Maquinidade, Fábio Fernandes. Excelente conto sobre o que Viktor Frankenstein poderia ter feito da vida se não fosse um viadinho emo. Bastante inteligente e bem escrito, com ótimas citações históricas e à obra de Shelley. Um dos meus preferidos e uma agradável surpresa logo na segunda narrativa da coletânea.

A Flor do Estrume, Antônio Luiz M. C. Costa. Muito legal a idéia de pegar personagens machadianos (Brás Cubas e Quincas Borba) e jogar eles em uma narrativa de história alternativa. Destaque para as referências à obra machadiana, com ênfase no Memórias póstumas – especialmente a ótima tirada final. Talvez os menos familiarizados com o Machadão não se divirtam tanto, mas, de qualquer maneira, é parte da brincadeira correr esse risco quando se faz uma paródia bem feita. Gostei.

A Música das Esferas, Alexandre Lancaster. Um garoto prodígio conduzindo (por conta própria) a investigação sobre a morte de um cientista. A história dá muitas voltas e o desfecho é previsível. Parece um episódio arrastado de Fringe. O autor usa muitos diálogos, para tentar manter o interesse, mas os diálogos não são interessantes. Não me empolgou.

O Plano de Robida: Um Voyage Extraordinaire, Roberto de Sousa Causo. Como narrativa, é uma ótima descrição de cenário. E um cenário razoavelmente interessante, devo dizer. Fiquei com a impressão de que o plot só estava servindo ao propósito de introduzir a maior quantidade de conceitos possíveis do cenário bolado pelo autor. Exemplo disso é que conto termina como se fosse a introdução de uma franquia. Pra mim, como narrativa isolada, não funcionou.

Mas o que mais me admirou mesmo foi que ao longo das 30 e algo páginas do conto o autor se conteve e conseguiu não fazer nenhuma piada infame sobre o queixo do Santos Dumont. Eu nunca conseguiria tal feito. Meus parabéns.

(E graças a esse conto descobri os trabalhos fodásticos do artista Albert Robida, vale a pena clicar- http://en.wikipedia.org/wiki/Albert_Robida )

O Dobrão de Prata, Claudio Villa. Um conto lovecraftiano default. Bem escrito, o autor mantém o suspense até o final, com competência. Mas é um conto lovecraftiano muito default, não dá pra deixar de comentar que fica um deja vu meio indigesto. E substituindo “vapores” por “barcos” deixaria de ser steampunk. O conto ainda tem uma frase num espanhol sofrível. Ei, revisor, até o Google Translator teria avisado que se escreve hijos, não hirros.

Uma Vida Possível Atrás das Barricadas, Jacques Barcia. Meu conto preferido do livro, junto com o do Fábio Fernandes. Um romance entre um autômato e uma golem em meio ao levante da oprimida classe operária. Se a coletânea fosse uma suruba, os demais contos fariam papai-e-mamãe-vanilla (com um eventual frango assado) enquanto esse estaria em cima da mesa vestido de freira e chicoteando um anão.
Bom, eu não gastaria o meu repertório de analogias bizarras se não tivesse gostado. hehe

Cidade Phantástica, Romeu Martins. Conto cheio de referências históricas e à obra de Júlio Verne.

Aliás, admito que eu não conheço PN do Verne, li quando era moleque e achei a coisa mais foda do mundo. Mas, ao mesmo tempo, também achava o desenho Cavaleiros da Luz Mágica a coisa mais foda do mundo. Sabe-se lá quais eram os meus sofisticados critérios (e será que eles mudaram tanto?). hehe.

Bom, Cidade Phantástica é um conto de ação, que já abre num ritmo rápido. Infelizmente, a narrativa fica atravancada pelos muitos discursos explicando motivações dos personagens e as descrições do cenário. Sem contar que o esquema vilão-explicando-plano-maligno-para-mocinho não é exatamente a última palavra em termos de condução de narrativa. Talvez eu estivesse bêbado ou com sono quando li, vai saber, mas não me empolgou.

Por um fio, Flávio Medeiros. Interessante e claustrofóbico conto, passado a bordo de um submarino a vapor avariado, sendo perseguido por um dirigível inimigo. O mote principal, de mostrar como era travada uma guerra quando oponentes honrados tinham os ideais cavalheirescos vitorianos em primeiro lugar, é muito boa e fica bem resolvida, embora eu ache que o conto canse um pouco no meio. No mais, interessante.

É isso aí. No geral, o saldo é positivo e vale a pena um confere. Você pode comprar o livro no site da Tarja, clicando aqui.

Deixo os links para outras duas resenhas sobre o livro (confiar só na minha opinião nunca é aconselhável):

Resenha 1 (com opúsculo)
Resenha 2 (sem opúsculo)

Descobri que Steampunk, ao que parece, é o novo hype no metiê da Ficção Científica. Vou escrever um conto Steampunk onde o Santos Dumont pilota um robô gigante que se transforma no 14 Bis e defende o litoral brasileiro dos ataques de monstros radioativos japoneses. O robô não terá queixo, naturalmente.

*

Lembrando aos amiguinhos e amiguinhas que eu ainda tenho uma razoável quantidade de Nerdquests aqui em casa (mais do que eu gostaria, mas menos do que esperava), e se alguém quiser me fazer um agrado não-sexual pode comprar o livro, escrevendo para o email pedrogmvieira@gmail.com.

*

Eu sou um verme, deveria criar vergonha na cara e migrar esse blog pro wordpress.

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2 Comments:

Blogger Fabio Fernandes said...

Valeu pelos comentários ao meu conto, Pedro! Fico feliz que tenha gostado.

E vou cobrar esse conto do Santos Dumont-com-Transformer-14-BIS-sem-queixo (Ótima idéia! :-)

Abraço!

6:01 AM  
Blogger Rafael Lima said...

Oi Pedro!

Acabei de ler seu post e aproveito para lhe fazer um pedido. Meu nome é Rafael Lima e terei meu primeiro romance, um épico de fantasia/ficção científica - Aura de Asíris - A Batalha e Kayabashi - lançado em novembro desse ano pela editora Isis.

Você poderia inserir o link do site - http://www.auradeasiris.com - em seu blog. Faria o mesmo com o seu.

Abraços e parabéns pelo blog!

Rafael Lima

10:08 AM  

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