The Dragon is gone
Cara, que merda.
Mal sentei no computador hoje de manhã e a Gorda veio com a notícia de que o Robert Jordan morreu.
Provavelmente 99% da humanidade nunca ouviu falar em Robert Jordan ou em Wheel of Time. Na moral, foda-se.
A verdade é que sou afortunado o suficiente para ainda não ter “sofrido” a morte de nenhum dos meus ídolos. Olhando em retrospecto, não sei exatamente onde situar o supracitado autor nessa história toda, mas quando eu paro e me vem à mente um singelo detalhe – que li mais de 8 ou 9 mil páginas saídas do computador do desgraçado – obrigatoriamente não posso considerá-lo “insignificante”.
Tolkien construiu uma mitologia para dar vida às línguas que ele tanto era apaixonado em criar. Creio que Mr. Jordan (ou Robertão, para os íntimos), se esforçou tanto para criar uma mitologia que daria vida e verossimilhança aos seus personagens que em algum momento aquilo tudo escapou de seu controle. Tanto que Wheel of Time, seu descomunal épico de modern fantasy (ou high fantasy, não vou chamar de fantasia-farofa hoje, em respeito), jaz inacabado, após 11 livros, sem falar nos contos, HQs, RPGs e uma prequel.
Admito que após o décimo livro minha empolgação com a série já havia esvaecido. Como se o próprio Robertão soubesse que um mísero passo a frente significaria dar um fim naquilo, por isso prorrogasse até o último minuto o momento de arrancar o band-aid – o que ninguém agüenta, cá pra nós. Não aprovo o fato de que o fim da série tenha sido por tantas vezes adiado (seriam quatro livros, depois sete, depois dez e, por fim, doze). “Caça níquel!”, eu mesmo esbravejei várias vezes. Fazer o quê? Livros são um negócio como qualquer outro e os americanos devoram esse tipo de farofa. Por isso a minha recente revolta com o Robertão e sua Roda do Tempo – o que me fez inclusive apagar seu nome de minha lista de livros preferidos no orkut (uau, isso sim é grave).
De qualquer maneira, caça-níquel ou não, é impossível deixar barato.
Devo ter perdido quase um ano de tempo de leitura em função de Wheel of Time.
O meu vocabulário de inglês no que diz respeito a expressões faciais ininteligíveis e redundantes – snigger, snort, scowl, frown, etc – aprimorou-se 100%.
O fetiche por personagens coadjuvantes inúteis também. As listas com nomes de personagens eram uma obsessão nada sadia.
Quando o Robertão errava de mão, a frustração pelos finais de livros psicodélicos e obtusos (livro 4, livro 10) só era compensada pelas chacinas hecatômbicas de quando ele acertava a mão (livro 6, livro 9, livro 3).
Sempre haverá um cantinho especial no meu coração reservado para Dumai’s Wells. Ou pro péga pra capá entre os Forsaken e o combinado de Ashaman e Aes Sedai, no livro 9. Cara, eu cheguei a fazer anotações pra conseguir seguir o que estava acontecendo sem perder nada (desse modo eu percebi que um dos personagens sumiu durante a batalha porque o Robertão se esqueceu dele. Ora, no livro seguinte bastou inventar que o espadachim sinistro estivera cuidando dos cavalos. Relevemos).
Ainda acho que o Lan enfia a porrada no Aragorn e no Jamie Lannister. Juntos.
Se eu fosse Aes Sedai, seria Cinza. É o Ajah mais divertido.
Me orgulho de ter conseguido ler o lendário banho da Elayne até o fim, no livro 10. Quatro capítulos de uma minuciosa descrição do sistema de encanamento de um castelo medieval, entremeados pelos sintomas de uma gravidez sobrenatural e feiticeiras de TPM. Tão divertido que faz Ulisses parecer uma HQ dos X-men. É a passagem que separa os homens dos meninos, não é Gorda?
Bom, provavelmente a família vai publicar toda e qualquer linha ainda não impressa. E certamente o Robertão vai voltar pra assombrá-los, se não publicarem cada scowl da Nynaeve que ficou pra trás. E quem conhece a série sabe que são muitos scowls.
E que a lição sirva para o viado do George R.R. Martin não adiar mais uma vez o fim da porra do A Song of Ice and Fire.
Anyway,
Robert Jordan, aka James Oliver Rigney, Jr.
17 de outubro de 1948 – 16 de setembro de 2007
Link para a post no blog do Robert Jordan
Link para o post no blog do Neil Gaiman
Link para o post no blog do George R. R. Martin
Mal sentei no computador hoje de manhã e a Gorda veio com a notícia de que o Robert Jordan morreu.
Provavelmente 99% da humanidade nunca ouviu falar em Robert Jordan ou em Wheel of Time. Na moral, foda-se.
A verdade é que sou afortunado o suficiente para ainda não ter “sofrido” a morte de nenhum dos meus ídolos. Olhando em retrospecto, não sei exatamente onde situar o supracitado autor nessa história toda, mas quando eu paro e me vem à mente um singelo detalhe – que li mais de 8 ou 9 mil páginas saídas do computador do desgraçado – obrigatoriamente não posso considerá-lo “insignificante”.
Tolkien construiu uma mitologia para dar vida às línguas que ele tanto era apaixonado em criar. Creio que Mr. Jordan (ou Robertão, para os íntimos), se esforçou tanto para criar uma mitologia que daria vida e verossimilhança aos seus personagens que em algum momento aquilo tudo escapou de seu controle. Tanto que Wheel of Time, seu descomunal épico de modern fantasy (ou high fantasy, não vou chamar de fantasia-farofa hoje, em respeito), jaz inacabado, após 11 livros, sem falar nos contos, HQs, RPGs e uma prequel.
Admito que após o décimo livro minha empolgação com a série já havia esvaecido. Como se o próprio Robertão soubesse que um mísero passo a frente significaria dar um fim naquilo, por isso prorrogasse até o último minuto o momento de arrancar o band-aid – o que ninguém agüenta, cá pra nós. Não aprovo o fato de que o fim da série tenha sido por tantas vezes adiado (seriam quatro livros, depois sete, depois dez e, por fim, doze). “Caça níquel!”, eu mesmo esbravejei várias vezes. Fazer o quê? Livros são um negócio como qualquer outro e os americanos devoram esse tipo de farofa. Por isso a minha recente revolta com o Robertão e sua Roda do Tempo – o que me fez inclusive apagar seu nome de minha lista de livros preferidos no orkut (uau, isso sim é grave).
De qualquer maneira, caça-níquel ou não, é impossível deixar barato.
Devo ter perdido quase um ano de tempo de leitura em função de Wheel of Time.
O meu vocabulário de inglês no que diz respeito a expressões faciais ininteligíveis e redundantes – snigger, snort, scowl, frown, etc – aprimorou-se 100%.
O fetiche por personagens coadjuvantes inúteis também. As listas com nomes de personagens eram uma obsessão nada sadia.
Quando o Robertão errava de mão, a frustração pelos finais de livros psicodélicos e obtusos (livro 4, livro 10) só era compensada pelas chacinas hecatômbicas de quando ele acertava a mão (livro 6, livro 9, livro 3).
Sempre haverá um cantinho especial no meu coração reservado para Dumai’s Wells. Ou pro péga pra capá entre os Forsaken e o combinado de Ashaman e Aes Sedai, no livro 9. Cara, eu cheguei a fazer anotações pra conseguir seguir o que estava acontecendo sem perder nada (desse modo eu percebi que um dos personagens sumiu durante a batalha porque o Robertão se esqueceu dele. Ora, no livro seguinte bastou inventar que o espadachim sinistro estivera cuidando dos cavalos. Relevemos).
Ainda acho que o Lan enfia a porrada no Aragorn e no Jamie Lannister. Juntos.
Se eu fosse Aes Sedai, seria Cinza. É o Ajah mais divertido.
Me orgulho de ter conseguido ler o lendário banho da Elayne até o fim, no livro 10. Quatro capítulos de uma minuciosa descrição do sistema de encanamento de um castelo medieval, entremeados pelos sintomas de uma gravidez sobrenatural e feiticeiras de TPM. Tão divertido que faz Ulisses parecer uma HQ dos X-men. É a passagem que separa os homens dos meninos, não é Gorda?
Bom, provavelmente a família vai publicar toda e qualquer linha ainda não impressa. E certamente o Robertão vai voltar pra assombrá-los, se não publicarem cada scowl da Nynaeve que ficou pra trás. E quem conhece a série sabe que são muitos scowls.
E que a lição sirva para o viado do George R.R. Martin não adiar mais uma vez o fim da porra do A Song of Ice and Fire.
Anyway,
Robert Jordan, aka James Oliver Rigney, Jr.
17 de outubro de 1948 – 16 de setembro de 2007
Link para a post no blog do Robert Jordan
Link para o post no blog do Neil Gaiman
Link para o post no blog do George R. R. Martin
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